Não é mistério ou segredo para ninguém que a internet é onde as coisas acontecem e o marketing digital deve ser uma das principais preocupações dos negócios, pois é lá que é preciso estar para se relacionar com seus clientes de forma mais rápida, seja por um site, redes sociais, e-mails, aplicativos de mensagens como o WhatsApp ou Telegram, e assim por diante.
O grande problema aqui é que alguns negócios ignoram alguns passos ou, como prefiro dizer aqui, ferramentas, para dar início à construção de uma presença digital forte e sólida.
O marketing digital, como amplamente é conhecido, pode ter uma distorção na percepção de algumas pessoas, pois muitas delas acham que ter e manter uma rede social já é marketing digital. Não deixa de ser, mas ele é muito maior que isso e tem muitas ferramentas a mais à disposição.
Outra percepção equivocada de muitas pessoas é com relação a investimento e resultado. No tempo em que estou trabalhando com comunicação e marketing ouvi muitos empresários e gestores questionarem o tempo para se obter algum resultado com marketing digital, como se fosse algo da noite para o dia, mas a verdade é que como qualquer outro tipo de meio de propaganda, tudo é uma construção.
Entenda a seguir um pouco mais sobre esse mundo não tão novo assim, mas que muita gente ainda não sabe bem como funciona.
Marketing digital: o que é?
O Marketing evoluiu muito em pouco tempo. Um dos pais do Marketing, Philip Kotler, fala muito sobre a evolução dessa área em suas obras. E aqui trazemos um pouco sobre a sua teoria da evolução do Marketing e do consumo até chegar nos dias de hoje, onde o Marketing digital predomina.
Kotler desenvolveu a sua teoria nominando os períodos do Marketing. Iniciando pelo Marketing 1.0, onde a comunicação era totalmente voltada para o produto e os consumidores não tinham senso crítico com relação à publicidade, além de não haver tanta concorrência entre as empresas.
No Marketing 2.0 iniciou um movimento para a segmentação de público, onde os negócios começaram a identificar necessidades humanas e buscaram atendê-las através dos seus produtos.
A chegada do mundo digital marca o Marketing 3.0. As pessoas começaram a ter voz, através de blogs e as primeiras redes sociais. Nesse período, as marcas começaram a se preocupar com a humanização do discurso voltado ao público consumidor.
No Marketing 4.0, o mundo digital já estava totalmente incorporado à vida das pessoas. A preocupação neste momento é a inclusão e o senso de comunidade ou, ainda, pertencimento. Onde as pessoas começaram a se identificar com marcas que têm os mesmos valores e os mesmos pensamentos. As marcas começaram a ter personalidade.
Mais recentemente, Kotler já fala do Marketing 5.0 e 6.0, onde a tecnologia e os dados são a base para a comunicação. Não à toa estamos a todo momento ouvindo notícias sobre o metaverso, NFT e influenciadores que nem sequer existem no mundo real (vide Lu do Magalu).
Enfim, muito caminho foi trilhado até chegarmos no dito ‘marketing digital’. Acontece que o digital é apenas um meio ou canal de se fazer propaganda. Hoje muito mais à mão (literalmente, inclusive) do que os meios “tradicionais”, como TV, rádio, materiais impressos.
Sendo assim, entendemos que qualquer propaganda em que se utilize a internet como meio ou canal para entregar essa comunicação é o marketing digital em si.
O WhatsApp, por exemplo, na sua versão Business, hoje disponibiliza campos para desenvolver um catálogo de produtos ou serviços, localização da empresa, horários de atendimento, além do status, que pode servir como meio de relacionamento ou demonstração de produtos para clientes que possuem o número salvo nos contatos. Uma transação de compra e venda pode ser facilmente realizada em alguns segundos, conversando diretamente com a pessoa que está fazendo a oferta.
Mais recentemente o marketing de afiliados ficou mais forte e muita gente chama também de marketing digital, causando uma certa confusão também quando tratamos disso. Nesse caso, afiliados (pessoas que vendem produtos ou serviços de forma digital) utilizam ferramentas do marketing digital para se comunicar com seus potenciais clientes, seja através do Instagram, Facebook, Google etc.
Primeiros passos para colocar sua empresa na internet
Quando pensamos em colocar uma empresa na internet ou criar uma presença digital para um negócio, a primeira coisa que vem à cabeça provavelmente seja: “vou criar uma página no Facebook e um perfil no Instagram”.
Ok, mas e depois?
É importante retomar o que falo lá no início desse texto, o marketing digital é muito mais do que apenas manter uma rede social ativa. O marketing digital envolve planejamento, estudo, produção de conteúdo, análise, otimização, oferta e entrega, enfim, a parte mais fácil é manter uma rede social ativa. O que tem por trás é que complica o processo.
Mas vamos lá. Aqui vou buscar mostrar um pouco do processo necessário para chegar em um resultado interessante no marketing digital.
Por onde começar?
Como em praticamente tudo o que se fala sobre gestão, no marketing o planejamento deve ser muito bem construído para que tudo aconteça da melhor forma possível. O que se deve levar em consideração no momento do planejamento são alguns itens como:
- Quem é a persona com que meu negócio vai se comunicar?
- Quais as principais dúvidas precisamos sanar?
- Quais meios de comunicação a persona utiliza?
- Qual a melhor maneira de falar com a persona? Texto, vídeo, imagens? Fala formal, informal, mais jovem, mais conservadora?
- Uma pessoa específica ficará responsável por interagir com os possíveis seguidores ou eu mesmo vou fazer isso?
- Vou estabelecer um meio de venda pelos canais digitais ou só atendimento?
- Quais serão as métricas ou objetivos que quero alcançar para meu negócio?
É importante ter estas perguntas respondidas para que o processo fique organizado para que fique tudo mais claro e a comunicação digital não se torne um problema, em vez de algo benéfico.
Antes de continuarmos vamos falar rapidamente sobre persona, que nada é mais do que a personificação de um público ideal para o seu negócio. No entanto, há visões diferentes sobre a construção da persona no mundo do marketing digital. Acredito que na construção de uma persona deve-se levar em consideração, principalmente, as dúvidas que ela possui sobre o produto ou serviço. Um bom meio de se conseguir identificar essas dúvidas são: pesquisas no Google para descobrir o que as pessoas pesquisam sobre aquele produto, serviço ou negócio como um todo; uma conversa com os vendedores e/ou atendentes; uma pesquisa com clientes para identificar quais foram as motivações e as dúvidas antes de comprar determinado produto daquele negócio.
A partir da identificação dessa persona e suas dúvidas, é muito mais fácil direcionar quais os conteúdos serão tratados e a forma com que será tratado.
A próxima etapa é definir quais as ferramentas serão utilizadas para se construir a presença digital do negócio. Sem dúvida, a primeira é um perfil no Google Meu Negócio e um site, afinal, onde as pessoas buscam algo quando estão com dúvida? E seu negócio, através de conteúdos no Meu Negócio e em um site pode sanar essa dúvida e, de quebra, gerar uma conexão com um potencial cliente.
Ambas as ferramentas devem ser atualizadas constantemente com conteúdo e informações pertinentes ao negócio e ao funcionamento/atendimento. Além de manter sempre os dados e meios de comunicação diretos atualizados (telefone e/ou WhatsApp e e-mail, principalmente).
Dependendo do que o seu negócio oferece, partiremos para redes sociais, que podem ser diversas também: Instagram, Facebook, LinkedIn, Twitter, YouTube. Tudo isso será definido com base, também, na persona e seus costumes. Porém, algumas coisas são lógicas: se o seu negócio oferece serviços para outras empresas, é bem provável que um perfil no LinkedIn seja uma boa escolha.
Após isso, vem a execução em si, ou seja, a produção de conteúdo. Um site, por exemplo, é interessante ter um blog ou FAQ para tirar dúvidas de clientes e trazer informações relacionadas ao produto ou serviço vendido. Por exemplo: uma loja de roupas ou maquiagem podem ter conteúdos sobre tendências da moda para o ano X ou para a estação; uma construtora ou imobiliária podem ter conteúdos sobre decoração ou planejamento familiar.
O conteúdo deve sempre informar e servir como um apoio para uma decisão a ser tomada. Lembre-se da evolução do Marketing segundo Kotler: falar somente sobre o produto e tentar “forçar” uma venda é coisa lá do Marketing 1.0.
As redes sociais devem servir também para distribuir os conteúdos do site e ter conteúdos de acordo com cada característica. O Instagram hoje entrega muito mais vídeos, por exemplo, mas aqui devemos lembrar sempre do que o seu público ou a persona consome. De nada adianta investir tempo fazendo vídeos se ele não será interessante para quem segue a marca.
Nesse momento também é sempre importante reforçar a questão escrita ou de fala, para que o negócio ou a marca se comunique na mesma “língua” que seu público. Isso serve também para reforçar o posicionamento da marca, importante também para o Branding, ou seja, a gestão da marca.
Depois de tudo publicado, vem a fase de análise, e aqui é importante voltar na fase do planejamento e identificar quais as métricas foram determinadas ou metas foram traçadas. Alguns são mais objetivos do que outros, principalmente quando você consegue conduzir o cliente por uma jornada de compra, por exemplo, através de ferramentas de anúncios, mas indicadores que podem ser interessantes nesse momento são: faturamento, vendas, ticket médio, recompra. Perceba que são fatores que influenciam diretamente no resultado e manutenção da empresa no mercado.
Enfim, marketing digital deve ser tratado de formas diferentes para negócios diferentes. Dados e métricas devem ser acompanhadas, sempre lembrando: curtidas não pagam boletos, com exceção dos perfis de influenciadores. Do contrário, uma empresa deve gerar venda, receita e lucratividade.